Há 6 meses
sonhei com um ninho destes seres e, na “vida real”, o meu mestre mexicano D.
Alfredo Gonzalez tinha-me oferecido um para me dar boa sorte, tendo-o eu sempre
guardado comigo no meio das viagens, descansando agora num dos altares da casa.
É curioso ser ele o primeiro animal a ser sintonizado, pois faz a ponte com o
mundo vegetal: eles conhecem as propriedades curativas das flores (a parte da
planta com vibração mais alta), e ensinam-nos a criarmos a nossa cura através
dos florais relembrando (por causa da sua importância na polinização), que
quanto mais dermos mais recebemos. SER torna-se pura delícia quando se voa de
uma flor à outra provando a sua essência e reflectindo as suas cores na nossa vida.
D. Alfredo no seu ateliê: o mago que havia convivido com grandes nomes das artes, da politica e da ciência e que viveu os seus últimos anos numa cabana ao lado de uma estrada poeirenta mostrando reproduções arqueológicas a turistas que muitas vezes vinham apenas para escutar as suas histórias
A
sintonização foi realizada no último dia do ano de 2016 – só depois soube que é
considerado o animal xamânico do mês de Janeiro!-, com o auxílio do ninho e do geode
que costumo utilizar, colocado no centro da roda de medicina que construímos no
nosso terreno e evocando as minhas memórias com colibris do outro lado do
Atlântico.
Esta foto
foi tirada por mim em San Cristobal de Las Casas (Chiapas), a um colibri
guerreiro quando acompanhava o seu labor de expulsão das outras aves que vinham
tentar beber o néctar das flores do arbusto que ele ocupara. Conseguir
“apanhá-lo” num dos seus momento de contemplação foi realmente miraculoso, pois
são tão breves quanto intensos... viver
contemplando tudo o que existe relembra como encontrar o nosso estado de graça
original!
Ao meditar
durante a sintonização surgiu um fogo transformador que me foi dito ser uma
nova fase de sabedoria no meu processo pessoal. De seguida surgiram meus três
ancestrais mexicanos, colocando-se cada um num ponto cardeal estando eu sentada
a Oeste a tocar o tambor. Um pequeno ser com corpo de guerreiro humano, muito
moreno, e cabeça de colibri de um belo verde iridescente manifestou-se e
iniciou uma prolongada dança à volta do geode até que se sentou na pedra
central da roda de medicina e daí escorregou para a água dentro daquele, dissolvendo-se
por fim muito lentamente como chamas de um fogo que se torna braseiro. Quando
acalmou completamente sabia que o processo estava terminado.
No dia a
seguir (1º dia do ano), recebemos a notícia de que uma pessoa de família tinha
tido um enfarte e os nossos corações, que andavam a pressentir esse evento
havia semanas, ficaram pesados e tristes. Enquanto pegávamos no carro para um
regresso apressado à civilização decidi experimentar umas gotinhas, do elixir
que resultou da sintonização, e foi notória a leveza e fortaleza a regressar ao plexo cardíaco.
Era uma leveza focada e precisa que afastou o caos mental que se tinha
instalado.
Nas várias
culturas nativo americanas, o colibri parece partilhar a simbologia da nossa
origem divina, recordando-nos que somos filhos do sol e da lua, do espírito e
da matéria e de todo o processo criador. Na mitologia do México Central esta
associado a
Huitzilopochtli, o filho da deusa
Coatlicue (da fertilidade), e de
Tonatiuh (o sol jovem), sendo o seu animal de poder. Este é um “deus ascendente”
e a sua contraparte é
Tezcatlipoca
(espelho negro), um “deus descendente”, ajudando ambos a entender o mistério
que envolve as dualidades e contradições e a não deixar que o lado sombra tome
conta de nós
.
Um outro mito
que sobrevive até hoje nas culturas nativas do México, é que o deus solar
fertiliza a lua por meio do colibri. No Brasil é chamado “Beija-flor”, de novo
evocando qualidades criadoras e dentro do Xamanismo diz-se que atrai o amor
como nenhuma outra medicina o pode fazer pois abre o coração.
No México
também se acreditava que as almas dos guerreiros caídos na batalha voltavam à
terra sob a forma de colibris, como recompensa da sua entrega, coragem e força
interior perante a morte. Se se sentir aprisionado ele morre, oferecendo-se em
sacrifício dos mais altos ideais de beleza na vida: liberdade ou morte! Hoje ele representa outros princípios guerreiros, o do guerreiro de si mesmo que é capaz de renascer vezes sem conta como se saísse da hibernação como fazem os colibris.
Esta ave,
apesar do seu pequeno tamanho, é capaz de viajar grandes distâncias e mesmo de
voar para trás e para qualquer outra direcção: para cima, para baixo, para esquerda,
para a direita e também ficar parado no ar lembrando uma fada na sua graça e
rapidez elegante. O seu maior órgão é o coração, que pode produzir 1200 latidos por minuto. O seu nome em inglês “hummigbird” quer dizer “pássaro que
zumbe”, aludindo à vibração produzida pelo som das suas asas e recorda-nos o
canturrear de boca fechada que provoca
uma massagem interior promovendo a saúde e o equilíbrio.
O colibri é
capaz de chegar ao néctar da flor atravessando as capas superficiais mais
amargas e é assim um mensageiro de cura através de uma renovação do coração.
Oferece claridade, graça, suavidade, alegria pura e doçura que nos ensina a
apreciar a magia da nossa existência diária. Ajuda a ver a força do Grande Espírito
em tudo o que existe, agradecendo pelo simples facto de estarmos vivos, pois muitas
bênçãos nos são continuamente oferecidas. Simboliza o desfrutar da vida e a
leveza do ser, pois é um poderoso aliado para elevar a moral e inculcar felicidade
nas rotinas diárias e em tudo o que fazemos.
Reprodução de taça cerâmica mixteca (Zaachila, sudoeste do México), que realizei no ateliê de D. Alfredo (Fevereiro de 2010)- pintura ainda em processo-, com um colibri prestes a beber água.
Ele ensina-nos
a afastarmo-nos da desarmonia e do lado grosseiro das coisas mundanas, oferecendo
um boost de energia aos nossos
sentidos. Este animal veicula energias de altíssima frequência vibratória e
ajuda-nos a unir ao Amor que sustenta todo o Universo manifesto e imanifesto. Recorda-me
ainda uma das frases de Henry Miller que mais me inspirou: “Spread joy, love
and confusion”
Afirmação: “Vejo a vida de
um modo eterno e alegre”
Planeta associado:
Vénus
Utilizações: Útil em tempos de mudanças: de casa,
trabalho, viagens…, limpeza de resíduos emocionais recentes assim como assuntos
que estão por resolver há muito tempo, enfrentar os obstáculos da vida com
muita serenidade e auto-aceitação. Protecção
espiritual.
Testemunho:
“Num processo de mudança desafiador em que me despi de uma
velha e dormente vida, recebo o elixir certo e necessário para o momento de
cura que atravesso.
O Colibri tem, sem dúvida, elevado a minha vibração e
alimentado o meu espírito guerreiro, suportando-me neste despertar de tão longa
hibernação pela sombra, pelo mundano. A claridade que tenho agora nos meus 5
sentidos é libertadora, assim como, a auto-estima, amor-próprio, alegria;
perceber de novo como é viver o Habitat pelos olhos de uma fada; também estou
certa que, ao resgatar o amor em mim e atrair o amor no outro, ligou-me e
empatizou-me mais com o meu filho, criando uma ação de troca e podendo ajudá-lo
da forma que não tinha conseguido até agora; ousaria acrescentar até que a
minha capacidade de auto-proteção em relação aos outros aperfeiçoou bastante e
a aceitação e tranquilidade de estar ao serviço também.
Mas julgo não haver maior prova, se há lugar ou necessidade
para tal, o facto de, tendo iniciado uma pré-menopausa aos 37 anos e uma
menopausa (medo de não ser aceite e de aceitar-se, auto-rejeição, medo de
envelhecer) há quase 1 ano e meio, ter voltado a ter ligeira menstruação durante 3 dias.
Posto isto, tenho que repor o 1/2 litro de água que perdi em
lágrimas ao escrever esta catarse, e sou-te grata por teres-me "obrigado"
a fazê-la.
Humildemente grata Yonah, por tudo!”
Informação em inglês:
https://www.instagram.com/p/CkJjLv2j6iP/
© Sofia Ferreira